Artigo - O declínio (e o fim) da Playboy

Pessoal hoje o post não é sobre ensaios, resumos ou nada disso. Hoje o post é sobre a revista Playboy em si e seu carro chefe, as musas que mensalmente nos brindam (ou brindavam) com seus corpos nus nas páginas da Playba.

Se o seu negócio agora é bater punheta, basta pular pros outros posts nossos. Esse aqui é texto mesmo.

Porque a Playboy se tornou tão famosa?



Porque ela desnudou mulheres que todos queriam ver peladinhas. A primeira edição da Playboy lá dos EUA teve Marylin Monroe nua. A nossa denudou dezenas de mulheres que todos queriam ver peladas. Dezenas.
Mesmo que você torça o nariz para a escolha de algumas delas pelo corpo ou estilo, o carro chefe da revista e o que a alçou pra condição de principal revista adulta no Brasil foi a sua escolha de musas pelo impacto das capas.
As principais atrizes e modelos da década de 80 e 90 apareceram na capa da Playboy. Conte nos dedos de uma mão as que não posaram peladas em algum momento.

A playboy tirava a roupa de mulheres que não eram só gostosas, elas tinham algo a mais. Maitê Proença não é a mulher mais deliciosa do mundo mas tirar a roupa dela (2 vezes) não era só sobre ver uma mulher peituda, bunduda e malhada, com pele perfeita. Até porque ela não era nada disso. Era tudo sobre ver uma mulher gostosa e inalcancável pra maioria de nós, humanos normais.

Havia (deveria ainda haver) uma mística em tentar por uma atriz famosa na capa da Playboy. Deveria haver expectativa em abrir a revista e ver uma mulher realmente mulher no recheio da revista.
Hoje não existe isso, nem de longe. Temos capas que já estão tão conhecidas nuas que nem tem interesse mais, todo mundo já conhece até o útero delas.

Internet e Photoshop

Óbvio que a internet hoje torna tudo mais fácil. Hoje é fácil clicar e achar foto de qualquer mulher, famosa ou não, pelada. Mostrando muito mais que uma Playboy mostraria. Só isso já tira o interesse em massa da revista. Vender 1 milhão de exemplares é missão impossível pelo simples fato de ter que vender. Hoje a revista mal sai pros assinantes e já está disponível na internet de graça. Fora que sites como o meu divulgam o material antigo da revista de graça. É a internet. Todas as revistas estão passando por dificuldades. Isso é natural, é da evolução da tecnologia.

Mas é claro que há meios de vender mais do que a revista vende hoje. De fazer mais barulho, de manter a marca em um nível elevado.

Mas é claro que temos que contar com o Photoshop também. 
Até 1999, 2000, viamos mulheres nas revistas. Depois disso vemos bonecas, perfeitas. Claro que há exceções, ensaios ótimos com pouco tratamento nas fotos. Mas de 2010 pra cá é raro, quase impossível achar um ensaio que não tenha um tratamento acima do normal nas fotos.

Isso afastou os fãs como eu. Eu gosto de mulher, não de bonecas perfeitas, com pele reluzente, seios perfeitos, bumbuns sempre redondinhos e nenhuma, nenhuma marca na barriga ou nas pernas.

Quer ver uma foto sem tratamento? E outra com exagero. Analisem. Olhem para nossas modelos abaixo.

A esquerda Ariane Steinkopf. Uma mulher de plástico. Nada é dela, nem os peitos, nem a perna, nem a bochecha, tudo muito reto, muito liso, perfeito. Essa mulher não existe. A direita Ana Paula Teixeira. Veja a diferença entre uma mulher natural, com dobras, até feia mas pelo menos você vê que ela é ela. Até a luz das fotos é fabricada em Photoshop.


Capas desinteressantes

A Playboy não soube atacar a queda nas vendagens. Claro que a internet não pode ser simplesmente driblada. Claro que há uma queda no faturamento, o que impede que a revista tire a roupa de mulheres que hoje são quase intocáveis por causa do cachê.

Mas será que não teria sido melhor atacar ao invés de se render ao mercado?

A revista não teria vendido apenas 97 mil exemplares se a  de julho do ano passado tivesse sido alguém menos exposta e mais interessante que a Vanessa. Vanessa quem? Essa inundação de ex-BBBs e assistentes de palco e musas dos escândalos políticos não acrescentam nada.

Vejam as BBBs por exemplo. Expostas durante muito tempo, qualquer um vê elas peladas, pagando peitinho, boquetes, até fazendo sexo nos BBBs.

Qual pode ser o interesse em desnudar uma BBB se ela não for realmente muito boa ou o ensaio muito bom? Temos ótimos exemplos de BBBs muito boas e com bons ensaios. Mas a vasta maioria são ensaios meia boca de mulheres meia boca que todo mundo já viu nua.

O mesmo vale para essas subcelebridades de hoje. Subcelebridades sempre existiram e sempre posaram nuas. Sempre. O problema é que as de hoje estão tão abaixo das de antigamente e são tão, mas tão artificiais (photoshop) que se tornam desinteressantes. Aí não tem buceta depilada que faça vender revista.

Esse pode ser o fim da Playboy. Mas não me importo.

Essa "era" de subcelebridades photoshopadas e mulheres fabricadas em computador pode decretar o fim da publicação brasileira. Dificilmente a revista se sustentará no mercado com vendagens tão baixas como as registradas especialmente de um ano pra cá. Sem dinheiro de vendas a publicidade diminui, o dinheiro vai diminuir mais ainda, a qualidade das capas vai descer mais ainda.

Eu queria ver umas 3 capas ótimas por ano. Queria ver ensaios que todos esperassem que acontecessem. Tenho certeza que se as vendagens talvez não fossem lá na casa dos 300 mil pelo menos não seriam tão inferiores quanto as de uns tempos pra cá. E só a publicidade de ter uma capa "como nos velhos tempos" já seria suficiente pra alavancar o marketing e elevar o valor da publicidade dentro da revista.

Já se falou do fim da edição brasileira, da troca da Abril por outra editora, mas a verdade é que ninguém sabe de nada. Só sei que nesse rumo ai, de colocar uma tal de dona Candinha na capa, com exagero de photoshop pra todo lado não é digna da Playboy.


As últimas capas que venderam algo, os fracassos e as capas que poderiam ter aparecido e as médias de vendagem.

Abaixo amigos apenas números. Começando pela média de vendagens entre 2000 e 2014 (até setembro). De 2000 pra cá as vendagens de todas as revistas são conhecidas, desconsiderando apenas números especiais. Vejam a vertiginosa curva descendente:

2000: 545.000     2001:416.000     2002:378.000     2003:312.000     2004:289.000     2005: 262.000
2006: 218.000     2007:221.000     2008:204.000     2009:189000      2010: 222.000    2011: 170.000
2012:135.000      2013:120.000     2014: 117.000

Ou um sintoma mais agudo de crise: as capas que venderam mais de 500.000 exemplares:
2000: 6    2001: 3    2002: 2      2003: 1      2004: 1     2005: 1
De lá pra cá nunca mais passou dessa marca. Grazi (05), Juliana Paes (04), Sabrina (03) foram as últimas a conseguir vender mais que meio milhão de exemplares.

Agora um número mais agudo ainda: a primeira vez que a Playboy vendeu MENOS QUE 200.000 exemplares foi em junho de 2004, com uma capa pós Juliana Paes e que tinha as normais Naara e Lorraine na capa.
Sabe quando foi a última vez que a Playboy vendeu MAIS QUE 200.000 exemplares? Adriane Galisteu em agosto de 2011!

Outro dado preocupante. Em 2014 pela primeira vez a revista vendeu menos que 100.000 exemplares, e isso aconteceu mais de uma vez. Inclusive na edição de aniversário, que trouxe uma desconhecida e sem sal Jéssika Alves.

A última capa a vender mais que 400.000: Cléo Pires em agosto de 2010.
A última capa a vender mais que 300.000: Priscila em agosto de 2009 (obvio que Cleo veio depois)

Fracassos retumbantes: repetir Mulher Melancia, em julho de 2009. A revista encalhou depois do sucesso do ano anterior. Natália Rodrigues como estrela de aniversário, assim como Jéssika Alves, ambas venderam muito pouco (127 e 99.000 respectivamente). Apostas insistentes em Paniketes, que aparecem mais peladas na televisão do que nos ensaios da revista.

Capas que deveriam ter posado nuas em algum momento dos últimos 10 anos:
Luana Piovani, Isis Valverde, Mariana Rios, Paolla Oliveira, Maria Ribeiro, Thaila Ayala, Bruna Marquezine, Ellen Roche, Cristine Fernandes, Carol Dieckman, Fernanda Machado, Fernanda Lima, Marjorie Estiano, Milena Toscano, Leandra Leal......

Se 4 dessas tivessem posado nuas garanto que nenhuma teria dado menos que 200.000 exemplares, o que é um número considerável pros dias de hoje.


Por fim é isso. A revista perdeu seus fãs mais antigos, não soube lidar com a ascensão da internet e pecou demais ao exagerar no uso de photoshop.

Resumindo, perdeu a alma.